Confessa, vai...

Parece que é hora de admitir meus defeitos, meus enganos, meus erros...
Está lá, na primeira pagina do livro... Uma coluna com o que a personagem vai fazer e o que não vai fazer no suposto ano.
Dessa vez não era spam, era um belo de um e-mail falando sobre confissões. Perdi uns quatro minutos do meu precioso tempo analisando os slides. E não é que era interessante mesmo?
O Orkut, rei dos fakes de plantão, também resolveu me dar uma *chega pra lá* com aquela maldita “sorte de hoje”... Suas atitudes blá blá blá! Até em comunidades, a conspiração mostrou-se forte: “Confessionário dos segredos mais íntimos!”.
Então, vamos nessa! De cara limpa vou tentar fazer confissões. As mais insanas, as mais imprevisíveis, as mais dramáticas e extravagantes. Escalafobeticamente, eis aqui minhas confissões...

Confesso que aos nove anos, quando fugi de casa sem levar nada, fiquei na casa da minha monitora dos escoteiros. Lá tinha comida, roupa limpa e cama para dormir. Sendo assim, eu não passei fome como havia dito e nem dormi ao relento.
Confesso que cortei meus longos cabelos aos 11 anos, não por querer mudar de estilo (era novinha de mais pra isso), mas sim por que vi meu pai beijando sua nova namorada. Ele nem percebeu o estrago e fiquei parecendo o Bozo. Tenho saudade do Bozo!

Confesso que meu primeiro beijo, na *aborrecência*, não foi no André alto de olhos azuis, mas foi no Amilton pagodeiro. E quanto a isso, confesso que guardei o numero do telefone dele por mais dois anos, até descobrir meu primeiro amor (pelo menos eu achava que era amor!).
Confesso que meu maior desejo era ter um bichinho virtual, mas com quatorze anos eu já tinha que deixar de brincar com essas coisas e ser mais parecida com minhas amigas que já usavam batom. Afinal, eu já tinha até dado o primeiro beijo!

Confesso que quando cortei os pulsos eu não queria me matar. Não escondia os cortes de forma alguma. Eu queria mesmo que todo mundo enxergasse as cicatrizes. Não usei lamina de barbear e nem faca como havia contado aos prantos. Cortei com o estilete da escola enquanto assistia “Você Decide” e não doeu quase nada.
Confesso que o meu suposto *primeiro amor* era lindo de morrer. Mas só pra mim, por que eu escutava quando minhas primas diziam que ele era feio, mas que não queriam falar isso pra mim. Confesso que hoje sim ele é bonito! Mil vezes mais que naquele tempo.
Confesso que sentia vontade de escrever cartas de amor, mas não tinha coragem.

Confesso que fazia brincadeiras com o nome dos meninos pra saber o que eles achavam sobre mim e minhas colegas.
Confesso que minha primeira festa a noite foi um tédio. Confesso que escrevia em um diário cor de rosa ridículo e que lá escrevi que a festa tinha sido *t*u*d*o*!
Confesso que eu tinha vergonha de dizer que morava no meu bairro. Gostava de dizer que morava no bairro do clube.
Confesso que já passei o ferro de passar roupa no cabelo. Ah! Que guria já não fez isso?
Confesso que tentei furar meu nariz com um brinco. Só tentei. E me machuquei. Usava canetinha pra desenhar no corpo.Hoje tenho piercings e tatoos.

Confesso que não colava nas provas. Juro, não colava, poxa! Confesso que hoje, falo que não tenho tempo pra nada, mas se fosse mais organizada, teria tempo pra muita coisa!
Confesso que minhas viagens a São Paulo não são só por trabalho. Nunca são só por isso. Tem sempre algo a mais. Hummmm...
Confesso que minto que estou no celular só pra não cumprimentar fulano ou cicrano na rua. Confesso que falo que gostaria de usar black power. Falo isso só pra justificar meus cachos.
Confesso que falo que não me vejo fazendo outra coisa. Contudo, queria mesmo não precisar trabalhar.
Confesso que esta lista já ficou grande de mais, e se eu continuar, vou confessar aquilo que jamais deve ser dito! Cala-te boca!
Só mais uma coisinha... Confesso que meu tratamento dentário não dói tanto quanto eu digo que dói. É que não posso perder o costume de reclamar. E confesso que sinto falta do diário cor de rosa. Ele nem era ridículo!