14/08/2008

Clarice Lispector

Essa escritora nascida na Ucrânia, numa cidade chamada Tchetchelnik veio para o Brasil na década de 20 com toda sua família.
Antes de ser conhecida como Clarice (pois ao chegar o Brasil todos, com exceção de sua irmã, mudaram de nome), ao nascer recebeu o nome de Haia.
Clarice reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma e afirmava que jamais escreveria uma autobiografia. Porém, em algumas de suas crônicas deixou escapar confissões que possibilitam vislumbres de sua densa personalidade.


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.É pouco, é muito pouco.”

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”

“Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável”.

A síntese perfeita
“Sou tão misteriosa que não me entendo.”

Um comentário:

d. disse...

eh a minha preferida nas noites de insonia
a perfeita durante as lagrimas
e essencial na alegria
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tds deveriam sentir a emoçao em seus poemas
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bom gosto o nosso neh pink?
kkk

 
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