05/08/2008

"Andares" - final.

Desandou tipo maionese caseira.
(Não pude deixar de usar essa frase. Kkkkkk)
Ali, num muquifinho, mora um árabe. Alguma coisa Mohamed.
Quando eu estava na quinta série, estudei com um Mohamed também. Depois disso conheci outros Mohameds. Fiquei curiosa com o nome, e só aos dezessete anos que descobri o porquê da repetição desse nome. Não, não sou tão burra assim. Vá dizer que já nasceu sabendo tudo?
Era um árabe com cara de terrorista mesmo. Meio estranho por escutar raggae. No vidro de trás do seu gol bolinha, tem um adesivo do Bob, aquela foto que só perde na popularidade pra ilustre foto do Che.
O fã do piolhento resolveu abrir a porta no momento em que eu reclamava em pensamento. Levei um baita susto quando vi aquele homem com cara de mau, chupando um treco.
Calma. Eu sei que treco era aquele. Narguile o nome. Ele sugava aquilo com tanta vontade que não sei de onde tirava tanto fôlego. O cheiro de frutas vermelhas era insuportável. Dei uma espiadinha pros lados e não tinha ninguém. Achei melhor cumprimentá-lo. Conseguia ver pontos de luz dentro do ap escuro. Eram muitas velas e de vários tamanhos. Ixxi, papo estranho esse de chupar e de vários tamanhos. Mas era isso mesmo. E foi muito útil, por que a luz resolveu desaparecer naquele instante!
Poxa vida, tenho fobia!
Ainda bem que levei a porcaria do tijorola. Ele serviu de lanterna. Não gritei. Pelo menos nos dez primeiros segundos, depois o pavor me colocou até lagrimas nos olhos. Tadinha.
Fui puxada pelo morador de nome estranho terminado com o dito Mohamed. E por incrível que pareça, não senti medo. Senti proteção. Sim, por que no muquifo dele tinha luz. De velas, mas tinha. Seria difícil conversar com um árabe que estava a poucos meses no Brasil. Só não sabia que ele falava muito bem o nosso português:
-Está mais calma senhora?
Pronto! Era um complô! No mínimo ele pegava a Tilde e ela contou que eu subiria até o andar da Renata pra pegar as porcarias dos ingressos, e os dois deram um jeito de acabar com a luz do prédio pra eu ter outra crise. Assim, ele poderia me arrastar para aquele lugar cheio de velas e oferecer meu corpo como sacrifício.
Olha o fantástico mundo de Bob (o do desenho, não o Marley, ok?) aí gente!
Eita imaginação fértil Tudo isso por que ele me chamou de senhora.
Se as pessoas soubessem como eu tenho verdadeira raiva desse titulo, jamais me chamariam assim.
-Sim, estou mais calma. Desculpe o escândalo. Tenho um pouco de receio de escuro.
-Pouco? (sorriso encantador)
Fui convidada para acompanhá-lo até a sala. Lá estava mais iluminado. As velas tinham diversas cores. Vi umas espécies de pufs gigantes com estampas craqueladas e seda por todo o lado. O ambiente remetia uma novela global com essas características. Aquilo não era um muquifo! Aposto que as línguas grandes que falavam isso por todo o prédio não sabem o valor de cada peça daqueles cômodos.
Fiquei ali em silencio enquanto ele apreciava seu fumo com gosto de frutas. E nada da energia elétrica. Uns vinte minutos haviam passado e eu ali estava. Com cara de tacho enquanto as chamas das velas mudavam de direção conforme ele soltava a fumaça pela boca. Enfurecida com a situação e a possibilidade de perder o show, me rendi:
- Posso experimentar?
- Claro. Gosta?
- Veremos!
E não é que o troço era bom? Depois de algumas baforadas a luz resolveu voltar. Mal agradeci a boa vontade do moço e sai rapidamente em direção ao vaso de flores que escondia meu tesouro daquela noite.
Parecia um daqueles seriados chatos com perseguição, onde a moça tenta fugir dos seqüestradores no prédio cheio de câmeras de segurança, mas ninguém nunca a vê.
O silencio continuava, e o toc toc das sapatilhas me irritavam.
Até eu chegar lá em cima, muitas coisas poderiam acontecer. Minha *amigarival* poderia surgir com suas venenosas opiniões sobre o Morrissey. O gato Mingau poderia aparecer do nada como sempre e arranhar minha calça. O senhor que trabalha na fábrica de tijolos, poderia aparecer com seu terno barato. Ele diz que trabalha em escritório de contabilidade, e veste seu terno antes de sair da produção pra ninguém perceber que suas roupas estão sujas. Faz isso por que sua amante viúva tem vergonha do trabalho. Fútil! Conheço muita gente assim, que tem vergonha do que faz. Pavor!
Mas não os encontrei. Graças. Já não agüentava mais subir degraus até que avistei a porta, o tapetinho de entrada,o vaso de flores, ou de folhas...!
Estavam lá mesmo! Meio sujinhos, mas estavam! E a galera começa a ligar enlouquecida. Um queria seu ingresso. A outra queria uma meia calça preta. A outra queria ajuda para escovar a franja. E eu? Só tive tempo de pegar o elevador que parou no andar naquele instante. Fechei os olhos e agradeci por não ter morrido nas mãos de um árabe que eu julgava terrorista. Aparências enganam.
Agradeci também por encontrar os ingressos ali. Havia a possibilidade de não encontrar. Não se sabe se a Tilde bate bem das idéias.
Desci do elevador com o celular na mão. Ainda apertava de forma incontida os botões. Meu cérebro ainda não tinha captado a mensagem que a luz já tinha voltado e eu não precisava mais usar aquilo como lanterninha. Arrumei-me rapidex. Troquei a sapatilha por uma menos barulhenta. Chamei o elevador...
-Ops, Melhor descer pelas escadas. Não quero correr nenhum risco. O que são dois andares pra quem já enfrentou quatorze?
Valeu por de mais. Melhor show do Biquíni!

From: deiker



Um comentário:

Lili Pink disse...

Nossaaa mto antiga a música!!!
Caraca, mas eu acho mto massa!!!
Tem várias deles q são super!!!!

 
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