19/02/2009

Mais que um olhar, mais que uma palavra...


As coisas dela nunca faziam o sentido das coisas dele.
Pareciam viver em mundos diferentes!
O que para ela era ter olhos azuis, verdes, castanhos, pretos, brilhantes, rasos de água, lacrimejantes, para ele era só ter olhos, duas coisas pestanejantes na cara que não tinham qualquer motivo para fazer sentido.

Para ela olhos eram como bocas mudas de silêncios com sentido, bocas discretas cheias de silêncios por decifrar, para ela os olhos também serviam para falar.
Para ele olhos eram olhos, bocas eram bocas, olhos olhavam, bocas falavam.


Para ela ler frases nos olhos era natural como o era tapar os ouvidos e deixar falar apenas essas bocas castanhas, verdes, azuis, pretas, brilhantes, às vezes lacrimejantes...
Para ele ela era estranha e tapar os ouvidos era deixar de ouvir, olhar para olhos era ver olhos que não eram bocas coisa nenhuma.
Uma vez ele esteve muito triste e ela, que estava por perto, encontrou-o a chorar.
Olhou-o então demoradamente e falou-lhe com as bocas brilhantes que ele insistia que eram olhos e só olhos e segredou-lhe que ia ficar tudo bem, ele consentiu sem saber com que boca e depois ela riu para ele num "vês que os olhos também são bocas" e ele corou e passou a acreditar que olhos eram mais do que olhos e bocas mais do que bocas, que ela não era louca!

Assim passaram a viver no mesmo planeta...

2 comentários:

d. disse...

Ah... Nem vou falar nada.
Lerei de novo.

Se eu não chorar...

Anônimo disse...

Gostei bastante desse.....Vou ler de novo

 
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